The Shard é o nome oficial desse novo marco no cenário urbano de Londres, que ganhou o principal prêmio da competição "Os Melhores Projetos Globais", promovida pela revista ENR – Engineering News-Record.

A revista norte-americana ENR – Engineering News-Record reuniu um júri de veteranos da engenharia global para eleger os projetos que sobressaíram pelos desafios, riscos e resultados obtidos em 2012, nesta competição inédita. O júri examinou projetos numa vasta variedade de segmentos – de escolas, de pontes, rodovias, hospitais e outros – em busca de inovações, qualidade, soluções de projeto e de construção e a diversidade global das equipes de engenheiros e arquitetos responsáveis pelos empreendimentos. Duas obras foram eleitas "Projetos do Ano", e diferem entre si em escala e complexidade — o megaedifício The Shard, que significa ponteira, em Londres (Reino Unido), e uma escola na África do Sul.

Quando a equipe multidisciplinar começou a planejar a estratégia de construção do Shard, ninguém no Reino Unido tinha trabalhado numa estrutura de 306 m de altura. Quando o edifício foi inaugurado em fevereiro passado, sua execução rompeu algumas tradições em obras desse porte. Um megaedifício complexo e multiúso, que mais parece uma cidade vertical pelo conjunto de programas estipulados, foi entregue no prazo, em apenas três anos e oito meses. O arquiteto Renzo Piano batizou o edifício, nos seus estudos, como uma ponteira. Cada lado da fachada é inclinado para se produzir o perfil da torre. O topo da estrutura metálica também é revestido de ponteiras de vidro. O prédio, de 111.484 m2, contém espaço para escritórios em 25 pisos, três níveis de restaurantes, um hotel de 17 andares, 13 pisos de apartamentos e um mirante com pé-direito triplo no nível 72.

Diversas inovações ocorreram durante as obras. Uma delas foi o processo de cima para baixo na execução do núcleo de concreto, que sai do nível 3 do subsolo (B3) ao 72º andar. Essa abordagem possibilitou que os primeiros 23 andares do núcleo de concreto fossem executados antes de concluir a escavação dos níveis de subsolo. O núcleo de concreto foi suportado por colunas de aço provisórias, a partir do nível B2 do subsolo, enquanto que formas deslizantes moldavam os 23 andares iniciais. A seguir o nível mais baixo do subsolo foi escavado, a laje B3 foi concretada e as paredes laterais do fundo do núcleo de concreto foram construídas na sequência. Esse processo "invertido" reduziu quatro meses do cronograma geral.

Outra inovação pioneira foi o uso de um guincho externo que se deslocava inclinado, montado sob medida para a obra, de modo que pudesse seguir a inclinação de 6° das fachadas do arranha-céu. Um guincho vertical teria que trabalhar a 25 m de distância do prédio. Outra novidade foi apoiar o guindaste no topo da forma deslizante, ao contrário do posicionamento tradicional de um guindaste dentro do núcleo de concreto, que traria sérios riscos de segurança. A forma deslizante trabalhou 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana, prevenindo possíveis atrasos, já que essa etapa era o gargalo principal da obra.

Outro recorde foi a concretagem de 5.500 m3, empregando 26 tipos de mistura diferentes, na execução do fechamento do topo da estaca principal e da laje do 3º subsolo. Foi a maior concretagem realizada de uma só vez no Reino Unido. Mais de 90% dos sistemas mecânicos, elétricos e de tubulações do edifício foram pré-fabricados ou montados fora do canteiro de obras. A equipe de projetistas utilizou modelagem 3D para planejar a instalação, detectando previamente interferências físicas entre os sistemas, que eram solucionadas durante a pré-fabricação, antes de os conjuntos serem entregues no canteiro. Esses estudos prévios também reduziram a equipe de montagem de mecânica e elétrica para somente 200 trabalhadores — um número desproporcional em vista das dimensões e complexidade do Shard. O Shard é o edifício mais alto da Europa, embora meça apenas 4 m a mais que o prédio Capital City Moscou Tower. É o 58º colocado na ranking dos 100 maiores edifícios da entidade CTBUH. Mas o seu destaque reside nas inovações construtivas desenvolvidas pela equipe da Mace.

Fonte: cbca-acobrasil.org.br