Projetos no Rio de Janeiro já contemplavam ações para corrigir o problema com os esgotos lançados nos corpos hídricos da região. No entanto, o cronograma demonstra que estas ações não serão concluídas a tempo, oferecendo risco à saúde dos competidores e um desconforto generalizado.

A ideia era de coletar e tratar 80% dos esgotos lançados na Baía de Guanabara. Porém, mesmo a poucos meses da realização do evento, a finalização não está nem perto do programado. E vale ressaltar que um Programa de Despoluição da Baía de Guanabara existe desde a década de 90.

Em janeiro deste ano, aproximadamente 4,2 milhões de pessoas ainda viviam sem saneamento básico no entorno da baía e 10 mil litros por segundo eram despejados no local. Sem falar da Lagoa Rodrigo de Freitas, que também é um dos locais que gera preocupação sobre a qualidade da água.


A Associated Press realizou uma investigação nas águas dos locais de competição e constatou a presença de bactérias e vírus em grande quantidade. No entanto, uma polêmica surgiu quanto ao fato de a presença de vírus não ser considerada nas análises de água brasileira. É analisada somente a presença de bactérias, além de outros indicadores, um padrão aceito globalmente.
Nos Estados Unidos, a presença de vírus na água começa a ser defendida por especialistas no assunto, associando a qualidade da água e as doenças provenientes desse meio. Ao menos no Brasil, ainda não há um consenso sobre padrões para a quantidade de vírus na água.

Enquanto isso, vários atletas relataram ter sofrido com os sintomas de diarreia, febre e vômitos, mas ainda não se sabe se é devido ao contato com a água, outra forma de contaminação, ou apenas por conta de desidratação pelas condições locais.

A um ano das Olimpíadas, as águas do Rio de Janeiro estão repletas de lixo e dejetos humanos, além de exalarem odor desagradável. O esgoto, que deveria ser coletado e direcionado para longe da população, além de ser tratado antes de ser despejado no corpo hídrico final, está visivelmente diluído nas águas do Rio de Janeiro (e de vários outros locais brasileiros também!).

As questões relacionadas ao saneamento ainda são negligenciadas em todo o Brasil. As águas do Rio de Janeiro não deveriam ser despoluídas só porque será realizada uma olimpíada, deveriam ter sido despoluídas há muito tempo para oferecer boas condições de saneamento para a população, antes mesmo que as olimpíadas fossem programadas. Afinal, é um projeto antigo e tecnologia para isso é o que não falta.

Vale ressaltar que, quando o saneamento for realmente considerado, é provável que haja uma demanda alta por engenheiros com formação voltada para essa área. Fora isso resta, a grosso modo, torcer para que os atletas "criem resistência" ao conteúdo das águas nacionais até a competição.

Fonte: Blog da Engenharia