Engenheiro calculista, consultor e especialista em concreto, Augusto Carlos Vasconcelos mostra detalhes de sua jornada na construção civil. A trajetória do engenheiro Augusto Carlos Vasconcelos se confunde com a história da engenharia de estruturas no Brasil. Sob a tutela de Vasconcelos, ocorreu, em 1957, a fundação da primeira fábrica de estruturas pré-moldadas no país. Professor da cadeira de concreto protendido na Universidade Mackenzie até 1964, tornou-se autor de livros técnicos sobre engenharia no final da década de 1970. Desde então, acumula 12 livros publicados e 136 trabalhos técnicos. Nascido no Rio de Janeiro, em 1922, Vasconcelos ingressou na Escola Politécnica da USP em 1938. Formado em 1948, trabalhou dois anos no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e montou seu próprio escritório de cálculo de estruturas. Entre 1954 e 1955, teve a oportunidade de estudar por 14 meses na Alemanha. Em Munique, Vasconcelos assistiu às primeiras aulas de concreto protendido após a Guerra.

"Aprendi na fonte , o professor dava aulas do que havia acabado de surgir, mostrando as pontes que estavam sendo substituídas. Preparei minha tese e, quando voltei ao Brasil, me senti responsável por reverter isso em alguma coisa", conta. Ao regressar ao país, em dezembro de 1955, os planos mudaram. Cansado da viagem e por ter concluído uma tese em 14 meses, Vasconcelos não fez o concurso para se tornar professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. "Não queria mais ensinar e montei a minha fábrica de concreto protendido e elementos pré-moldados", disse Vasconcelos. Ele conta que praticamente teve que inventar os equipamentos, pois os que existiam na Alemanha ainda não haviam chegado ao Brasil. O professor criou então um sistema de ancoragem de fios e construiu uma pista de 80 metros de comprimento. Os fios eram esticados de ponta a ponta, com cabeceiras na extremidade que suportavam até 200 toneladas. "Foi preciso arrojo e audácia de um ignorante de 30 anos, que começou sem dinheiro, sem capital e com pouco conhecimento", explica.

A empresa passou, então, a competir com fabricantes de estaca de concreto armado e realizou diversas obras no litoral sul de São Paulo. Em São Roque, foi construída uma ponte de 120 metros, toda com vigas pré-fabricadas de 12 metros. Após sete anos, Vasconcelos decidiu deixar a empresa precursora do pré-moldado no Brasil. "Era preciso crescer e que para isso era necessário capital." Dificuldades no relacionamento comercial com os acionistas o fizeram deixar a firma. O professor passou então a fazer assessoria a outras empresas, que foram montadas com a sua consultoria. Pioneiro no mercado da alvenaria estrutural, Vasconcelos aponta quais as vantagens dos pré-moldados. Segundo ele, há maior controle de qualidade, pois a mão de obra da fábrica é mais treinada. Além disso, existe a possibilidade de estudar o tempo de produção e de evitar perda de material. Em contrapartida, o pré-moldado encontra barreiras tributárias. "Ele teria mais desenvolvimento se não fosse a política de impostos", explica. Atualmente, é cobrado imposto de circulação (ICMS) na estrutura moldada fora da obra. "Isso fortalece o produto feito lá na hora, sem os recursos de uma indústria bem montada", conclui.

Desde 1979, Vasconcelos se dedica, além da consultoria, à arte de escrever. Entre as publicações estão "Manual Prático para a Correta Utilização dos Aços no Concreto Protendido", de 1980 e "Estruturas da Natureza", de 2000. O professor e doutor, dono de uma história de sucesso na engenharia de estruturas lembra de um pré-requisito básico para o sucesso. "Quem não é audacioso não consegue sobreviver."

Fonte: Portal Prisma