O bloco de sustentação do Viaduto Guararapes, que desabou no início do mês em Belo Horizonte, matando duas pessoas, foi construído com apenas 10% da estrutura de aço necessária. No projeto executivo da obra, o aço especificado para os esforços à flexão do bloco foi de 50,3 cm², enquanto o necessário seria 685 cm². As informações são do laudo da empresa Enescil Engenharia, contratada pela construtora Cowan para analisar as causas do acidente.

O projeto também não considerava o aço para esforços ao cisalhamento e à torção, que deveriam ser de 184,1 cm² e 10,2 cm², respectivamente. Outro erro apontado pelos estudos está na carga de trabalho adotada nas 10 estacas do bloco, que tinham 80 cm de diâmetro e 20 metros de profundidade. O projeto apontava carga de trabalho de 250 toneladas, no entanto, o necessário para suportar o peso seria 467 toneladas, o que exigia mais estacas ou peças mais profundas, ou com diâmetros maiores.

A partir desses erros de projeto, segundo o laudo, o pilar do viaduto sobrecarregava somente as duas estacas centrais, que tinham capacidade para suportar até 500 toneladas, mas acabaram sustentando três mil toneladas. Assim, o bloco teria afundado e, 18 dias após a retirada das escoras, causado o acidente.

O parecer técnico da Enescil Engenharia diz ainda que a alça norte do viaduto, que permaneceu intacta após o acidente, também corre risco de desabamento pelos mesmos erros de projeto, e sugere sua demolição imediata. Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que já solicitou à Cowan a apresentação do projeto de demolição para análise.

Fonte: PINI Infraestrutura Urbana