A preocupação das autoridades japonesas na contenção das águas radioativas da Central Nuclear de Fukushima tem crescido de dia para dia.

Uma das possibilidades de resolução do problema das fugas radioativas passa pela construção de extensas paredes subterrâneas de permafrost (gelo permanente) artificial, solução já utilizada com sucesso em situações semelhantes.

O muro subterrâneo de permafrost, com cerca de 1,4 quilómetros de comprimento e 30 metros de profundidade rodearia toda a estrutura e confinaria as mais de 300 mil toneladas de água contaminada com radioatividade, atualmente armazenada em reservatórios temporários de durabilidade muito limitada, no perímetro do complexo nuclear.

Além disso impediria o agravamento do problema, limitando quase na totalidade a infiltração na zona fragilizada de perto de 400 toneladas diárias de água subterrânea, proveniente das montanhas próximas, através das fissuras nas estruturas que albergam os reatores.

As empresas responsáveis pelo projeto, a consultora de engenharia Kajima Corporation e a Companhia de Energia Elétrica de Tóquio (TEPCO) ainda não avançaram com a decisão definitiva sobre a adoção desta solução, mas tudo aponta para que esta seja a única saída viável para o aumento recente dos níveis de radiação e o crescente desespero dos técnicos japoneses.

A tecnologia a utilizar passaria pela geração das chamadas freeze walls, utilizada com sucesso em engenharia geotécnica na contenção periférica de escavações. Consiste na cravação consecutiva no solo de perfis tubulares de aço com um espaçamento horizontal de 1 metro.

Centrais de refrigeração portáteis bombeiam então um líquido refrigerante a temperaturas de cerca de -40ºC para o interior das tubagens de aço, para dissipar o calor em profundidade, formando longos cilindros de solo congelado, o chamado permafrost artificial.

Ao longo de seis semanas os cilindros de solo congelado aumentam progressivamente de espessura até ficarem unidos, formando uma parede contínua e estanque de permafrost.

Apesar de ser aconselhado algum grau de manutenção, a barreira assim gerada manter-se-ia vários meses ou até anos mesmo que não sofresse qualquer tipo de intervenção adicional.

Fonte: SoilFreeze / Imagens: SoilFreeze; Wikimedia; The Canadian / Engenharia Civil